O que podemos esperar da próxima década da inteligência artificial?

Rui Silva
Rui Silva

A década até 2030 será decisiva para perceber até onde a IA pode realmente ir. Depois de anos de promessas, começa finalmente a cumprir o que prometeu: transformar economias, profissões e a forma como vivemos. As previsões já não são teoria, são dados. Relatórios da McKinsey, PwC e da OMS apontam para uma adoção massiva e um impacto direto em quase todos os setores (por exemplo, o estudo “Sizing the prize: What’s the real value of AI for your business and how can you capitalise?” da PwC: https://www.pwc.com.au/government/pwc-ai-analysis-sizing-the-prize-report.pdf).

Como vai a IA mudar a saúde?

A medicina está prestes a tornar-se híbrida, humana na empatia, digital na precisão. Atualmente, apenas 17% dos médicos usam IA, mas até 2030, seis em cada dez consultas terão apoio de algoritmos clínicos. O mercado global deverá crescer de 19 mil milhões (2023) para 188 mil milhões de dólares (2030).

Os maiores ganhos estarão na prevenção, no diagnóstico precoce e nos tratamentos personalizados. A IA pode reduzir custos hospitalares em até 50% e aumentar a precisão clínica em cerca de 40%.

Hospitais, farmacêuticas e seguradoras já redesenham processos com base em sistemas de decisão automatizados. É o setor onde o avanço é mais previsível e seguro, graças ao investimento público, à regulação e a resultados clínicos comprovados.

E nas finanças, o que muda com a IA?

O setor financeiro está a tornar-se quase totalmente automatizado. Até 2030, mais de 90% das organizações deverão usá-la em gestão de risco e deteção de fraude, reduzindo perdas em 95%.

A contabilidade tradicional vai dar lugar à “contabilidade contínua”: análises em tempo real, feitas por sistemas autónomos.

Além disso, cerca de 80% das empresas deverão implementar políticas de governação algorítmica, garantindo transparência e ética. O desafio será equilibrar a eficiência dos algoritmos com a responsabilidade humana. No fundo, a confiança vai deixar de vir do auditor e passará a vir do código.

Como vai a IA afetar o trabalho e o emprego?

Profundamente. E de forma desigual. Estudos do McKinsey e do Fórum Económico Mundial preveem que até 2030 a IA generativa automatize até 30% das horas de trabalho e transforme 22% das profissões atuais.

Por cada 170 milhões de novos empregos criados, 92 milhões deixarão de existir.

Mas não é só destruição, é também reinvenção. As novas funções exigirão competências em engenharia de dados, cibersegurança, IA aplicada e pensamento crítico. A criatividade humana voltará a ser diferencial.

O trabalho do futuro será feito lado a lado com máquinas e o verdadeiro valor humano estará em saber o que elas não sabem fazer.

Estamos preparados para esta transformação?

Ainda não totalmente. Muitos países investem em formação digital, mas a velocidade da mudança é superior à da requalificação. O risco é criar uma nova divisão social: quem domina a tecnologia e quem fica para trás.

Por isso, o foco deve ser a educação. Ensinar não só a usar IA, mas a pensar com ela — compreender, questionar e decidir.

Qual será o papel da IA no dia a dia até 2030?

A inteligência artificial deixará de ser visível e passará a ser infraestrutura.

Estará presente no diagnóstico médico, na análise financeira, na educação e até no planeamento de carreira. O desafio já não é saber se vai acontecer, mas como garantir que acontece com ética e propósito.

No fim de contas, o futuro da IA será técnico ou humano?

Será inevitavelmente humano. A tecnologia avançará, mas o sucesso dependerá da sabedoria com que a usarmos. A diferença não estará na velocidade das máquinas, mas na nossa capacidade de aprender, criar e pensar criticamente.

O futuro não é homem ou máquina. É homem com máquina, uma nova era de inteligência aplicada e trabalho assistido, onde a colaboração será o verdadeiro motor do progresso.

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