Mapeamento sem satélites: A Inteligência Artificial e os campos magnéticos como complemento ao GPS

Marko Tavares

Product Owner & IT Specialist.

A Fragilidade do GPS

Todos os dias, o GPS ajuda-nos a deslocar no mundo — seja para obter direções, seguir uma entrega ou guiar um drone. Está tão presente no nosso quotidiano que raramente paramos para pensar:

E se o GPS falhar?

Esta hipótese não é assim tão remota. O GPS enfrenta dificuldades em locais como:

  • Túneis e parques de estacionamento subterrâneos
  • Áreas urbanas densas com prédios altos (“cânions urbanos”)
  • Zonas remotas ou montanhosas
  • Ambientes sujeitos a interferência ou sabotagem do sinal

Nestes contextos, mesmo uma breve perda de sinal pode comprometer serviços que dependem de localização em tempo real. Em situações críticas — como navegação autónoma ou missões de emergência — isso pode ser grave.

O Campo Magnético da Terra: Um Sinal de Apoio Natural

Acredites ou não, o campo magnético da Terra oferece uma oportunidade única para localização. Tal como as impressões digitais, não há dois locais com exatamente a mesma assinatura magnética. Isto deve-se à influência de fatores geológicos naturais (como depósitos minerais) e estruturas construídas pelo homem (como edifícios em aço ou cablagens elétricas).

Estas variações subtis criam um tipo de “mapa magnético” — que não depende de satélites nem de sinais externos. Cientistas e engenheiros descobriram que a aprendizagem automática (machine learning) pode ler este mapa. Ao treinar algoritmos com as variações magnéticas de diferentes locais, é possível criar um sistema que “sabe” onde está — mesmo sem GPS.

🧠 Como é que Funciona (Sem Jargão Técnico)

Vamos simplificar o processo:

  1. Sensores locais: Dispositivos como smartphones, smartwatches ou drones usam magnetómetros para captar o campo magnético;
  2. Movimento e orientação: Utilizam acelerómetros e giroscópios para perceber deslocamentos e rotações;
  3. Aprendizagem de padrões: Um modelo de IA aprende a associar padrões magnéticos a locais específicos;
  4. Ajuste contínuo: Com o tempo, o sistema torna-se mais preciso, mesmo em ambientes dinâmicos.

Quando o GPS falha (ou mesmo quando não), este sistema utiliza as “impressões digitais” magnéticas e o movimento do utilizador para estimar a posição.

🤖 IA Inteligente: LLMs, LQMs e LAMs

Este sistema é composto por modelos especializados que trabalham em conjunto:

  • LLMs (Modelos de Linguagem de Grande Escala): Interpretam pedidos como “Onde estou?” e traduzem para comandos compreensíveis pela máquina;
  • LQMs (Modelos Quantitativos de Grande Escala): Processam dados de sensores e analisam padrões de movimento;
  • LAMs (Modelos de Ação de Grande Escala): Tomam decisões práticas, como ajustar rotas ou mover drones.

Esta arquitetura colaborativa torna a IA mais robusta e precisa para aplicações físicas.

 

Casos de Uso

  • Carros autónomos: Navegação em parques subterrâneos;
  • Drones de entrega: Operação em ambientes fechados.
  • Equipa de resgate: Localização em edifícios colapsados;
  • Orientação interior: Centros comerciais ou aeroportos;
  • Localização pessoal: Telemóveis a indicar saídas ou portões de embarque.

Desafios a Superar

Apesar do potencial, há obstáculos:

  • Interferência magnética: Equipamentos ou objetos móveis podem afetar a precisão;
  • Treino dos modelos: É necessário mapear os espaços previamente;
  • Consumo energético: Sensores ativos aumentam o consumo de bateria.

O Futuro da Navegação Inteligente

Esta abordagem mostra como é que a IA pode evoluir para sistemas mais resilientes e locais. Tal como os humanos usam os sentidos para se orientar no espaço, a IA começa a desenvolver uma “inteligência corporificada” que sente o ambiente físico.

O futuro da navegação pode estar mais próximo do chão do que dos satélites — utilizando o campo magnético da Terra como um aliado natural, robusto e omnipresente.

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