Estamos a caminhar para uma sociedade sem gestores (ou sem humanos?)

A inteligência artificial (IA) não está só a mudar a forma como trabalhamos. Está a mudar o próprio significado de sermos humanos. Estamos a viver o início de uma nova divisão na sociedade – não entre ricos e pobres, mas entre quem usa tecnologia e quem se torna parte dela. A grande questão já não é se a IA vai substituir gestores, mas sim se os humanos, tal como os conhecemos hoje, ainda terão lugar no futuro.

 

Há 10 anos, ninguém imaginava que a IA iria substituir milhões de empregos administrativos. Hoje, as grandes empresas funcionam com cada vez menos pessoas. Por exemplo, um estudo da McKinsey mostrou que Portugal precisa de requalificar cerca de 1,3 milhões de trabalhadores — aproximadamente 30% da nossa força de trabalho — em IA generativa para aumentar a produtividade e igualar a média da União Europeia até 2030. Se essa tendência continuar, onde estaremos em 2035?

 

O Novo Mapa Social: Trabalhadores, Biológicos e Sintéticos

A evolução tecnológica não é apenas uma melhoria. É uma mutação. E estamos a assistir ao nascimento de três novas “raças” dentro da nossa sociedade:

 

Trabalhadores: Uma “raça” de escravos composta por robôs físicos ou digitais, em forma de humanóides ou adaptados a cada tarefa. Fazem os trabalhos físicos no mundo real ou executam tarefas no digital;

Biológicos: Homo sapiens sapiens. Humanos como os conhecemos hoje — 100% biológicos. Controlam os Trabalhadores através de interfaces manuais para os apoiar nas suas tarefas do dia a dia;

Sintéticos: Homo sapiens artificius. Uma nova “raça” em simbiose entre IA e humanos. São pessoas que utilizam tecnologias como o Neuralink e afins, capazes de comunicar por telepatia e controlar os Trabalhadores apenas com o pensamento. São milhares de vezes mais eficazes e rápidos do que os Biológicos.

 

Os Biológicos estão condenados. À medida que os Sintéticos assumirem o controlo, os humanos que recusarem esta fusão com a IA vão perder relevância e, eventualmente, deixar de existir.

 

Empresas sem gestores? O primeiro passo para um mundo sem humanos?

Se em 2024 a IA já consegue gerir equipas de atendimento ao cliente, imagina o que acontecerá em 2028. Com a IA a assumir operações, finanças e estratégia, não estamos apenas a optimizar processos — estamos a remover o fator humano da equação.

 

Os custos com atendimento ao cliente já caíram drasticamente. Segundo um estudo da a16z, enquanto um humano custa 37 dólares por interação, a IA faz o mesmo trabalho por apenas 0,69 dólares. Além disso, já gere inventários, responde a e-mails, faz relatórios financeiros e até contrata novos funcionários. O próximo passo será a IA não apenas apoiar gestores, mas substituí-los.

 

Na Comudel, não estamos a construir um SaaS mais eficiente. Estamos a criar uma IA que cria, gere e opera empresas de forma autónoma. O nosso objetivo não é melhorar a eficiência dos gestores, dos contabilistas e dos advogados — é eliminar a necessidade da sua existência tal como a conhecemos.

 

O que acontece quando as empresas não precisam de humanos?

Se a IA pode gerir uma empresa sem intervenção humana, então:

  • Ainda vão existir gestores?

  • As grandes empresas vão desaparecer para dar lugar a redes autónomas de PMEs operadas por IA?

  • Faz sentido existirem grandes empresas?

  • Qual será a relação entre a economia privada e o Estado?

Se hoje as empresas são lideradas por humanos, amanhã podem ser sistemas vivos autónomos. Empresas que operam sem qualquer intervenção biológica, ajustando-se em tempo real a dados e mercados, sem a ineficiência da tomada de decisão humana.

 

Os Sintéticos serão os únicos decisores. Não precisarão de gerir negócios, porque as próprias empresas serão organismos vivos, auto-operados e optimizados por IA pura e por Sintéticos. A única dúvida que resta é: os Biológicos terão algum lugar nesse mundo?

 

O Fim da Raça Humana?

A história da humanidade foi marcada pela luta entre a inovação e a resistência à mudança. Mas, desta vez, a mudança não é apenas tecnológica — é biológica. Trata-se da criação de uma nova raça.

 

Os Biológicos que recusarem a fusão com a IA tornar-se-ão irrelevantes. Tal como os Neandertais antes deles, simplesmente desaparecerão. O futuro pertence aos Sintéticos — aqueles que abraçarem a fusão entre o humano e a máquina.

 

Se as empresas já não precisam de gestores, talvez o mundo, em breve, já não precise de humanos.

 

A questão já não é o que vais fazer no futuro. A questão é: de que lado da evolução vais estar?

 

Em 2025, a decisão ainda é tua.


Em 2055, talvez já não seja.

O Tocha Serra é CEO da Comudel, investidor na Olisipo Way e host do Bitalk, o podcast de negócios nº1 em Portugal.

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