Entre a agilidade e o risco: a maturidade invisível no uso da IA
Denny Morais
Especialista em automação inteligente, transformação digital e IA Conversacional.
Introdução
Vivemos uma fase entusiasmante da Inteligência Artificial (IA): soluções acessíveis, poderosas e aparentemente universais prometem transformar qualquer processo, setor ou função. Modelos de linguagem generativa tornaram-se companheiros informais de trabalho, capazes de redigir emails, estruturar relatórios ou esboçar propostas — tudo em segundos.
Uma ferramenta eficiente, sempre disponível… aparentemente inofensiva. Mas será mesmo assim?
Riscos éticos e reputacionais
Um estudo da KPMG – Trust, Attitudes and Use of Artificial Intelligence – A Global Study (2025) revelou dados preocupantes:
- 66% dos profissionais não verificam sistematicamente a precisão das respostas de IA;
- 48% admitiram inserir dados sensíveis em ferramentas públicas;
- 57% utilizam IA sem saber se o uso é autorizado pela empresa.
Estas práticas podem comprometer dados confidenciais e criar vulnerabilidades legais e reputacionais.
O uso generalista de modelos pré-treinados sem governação ativa coloca em risco direitos fundamentais como privacidade, equidade e transparência. Um artigo do California Management Review indica que metade dos incidentes reputacionais com IA estão ligados a falhas de privacidade ou falta de supervisão algorítmica.
O caso Zillow: um alerta real
A Zillow registou perdas superiores a 400 milhões de dólares ao tentar automatizar a compra de imóveis com o algoritmo Zestimate, que sobreavaliou sistematicamente o mercado. Resultado: encerramento do programa iBuyer em 2021.
Modelos genéricos podem ser inadequados para operações críticas e contextos complexos.
Maturidade tecnológica e governança
Plataformas empresariais maduras não se limitam a fornecer modelos prontos — colocam a governança no centro. Isso inclui:
- Independência na escolha de LLMs (open source ou comerciais);
- Integração neutra com ecossistemas existentes (ERP, CRM, sistemas core);
- Garantia de soberania dos dados e rastreabilidade das decisões;
- Escalabilidade controlada sem comprometer segurança.
Estas capacidades são pilares de confiança: mitigam riscos de enviesamento, protegem reputações e sustentam a inovação responsável.
O momento atual das empresas
As organizações não estão a desacelerar o investimento em IA — estão a torná-lo mais consciente. Existem já soluções implementadas, casos de uso comprovados e plataformas adaptadas a setores regulados. A maturidade não trava a inovação: abre caminho a uma adoção sustentável.
Nota pessoal do autor
Este artigo nasceu de conversas, debates e reflexões pessoais sobre a evolução constante da IA. Sim, usei GPT para apoiar a estruturação e clareza do texto — como um “espelho crítico” para verificar se as ideias estavam claras para o leitor.
A minha participação recente no Oxford AI Ethics, Regulation and Compliance foi igualmente relevante, trazendo uma visão multidisciplinar através de debates com profissionais de diferentes setores e geografias.
Sem dogmas, porque a partilha é essencial para evoluirmos. E como o fazemos, também não precisa de ser segredo nenhum 😉
Ferramentas e simuladores do IA Hoje
No Portal IA Hoje disponibilizamos um conjunto de ferramentas e simuladores que ajudam a avaliar o estado de maturidade da sua organização em temas como governança, ética e uso responsável da IA. São recursos práticos para apoiar empresas e instituições a identificar riscos, oportunidades e prioridades na adoção tecnológica.